Por: Osiris Pezzuol

Parece-me que o PSDB não vai encampar nem liderar o processo de impeachment por fatores não considerados na análise. Primeiro, não é o partido orgânico capaz de atitudes conjuntas e baseadas em princípios estatutários que a leitura do texto por alguém menos avisado poderia sugerir. É um amontoado de caciques com interesses regionais consolidados, que preferem defender seus califados a arriscar algo mais e correr o risco de abalá-los. Não deixam de ter razão ao considerar que o impeachment é algo com consequências imprevisíveis para suas peles. Sabe-se como dar o pontapé inicial, mas o decorrer do jogo que se inicia com a fúria das ruas pode acabar com vários tucanos com penas arrancadas e asas partidas. Eles não são bobos, sabem que estão tão na lama quanto o PT, e apenas a imprensa amiga não toca no assunto. Mas quando o incêndio estiver correndo solto, sabe-se lá o que pode acontecer. Mais: o PSDB na verdade detesta fazer política. Dá ampla preferência a boa vida, os gabinetes acarpetados com poltronas de couro, o conchavo fácil com quem detém o que interessa, os rapapés palacianos. O corpo-a-corpo necessário para conquistar corações e mentes cansa muito, é uma coisa que suja seus sapatos Salvatore Ferragamo e seus ternos milaneses. Que nada, trabalhar cansa e dá uma preguiça… Melhor deixar rolar, terceirizar a canseira e o desgaste e depois tentar comer pelas beiradas. Quem sabe cai no colo de novo.